Entenda o que são os PIGS
A sigla é estranha, mas chamam-lhes os países PIGS, as iniciais de Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha. São estes os quatro países que estão dando dores de cabeça a Zona do Euro, por problemas de déficit, dívida excessiva ou desemprego em alta.
Portugal teve, no ano passado, um déficit orçamental de 9,3%, que o governo promete reduzir ligeiramente este ano. À beira de uma crise política, por causa da lei das finanças regionais, o país teve um forte aviso, quinta-feira, com a subida nos juros da dívida pública e uma queda a pique no índice principal da bolsa.
A proposta de orçamento para este ano começa a ser discutida no parlamento quarta-feira. Se Portugal está mal, em termos de déficit, a Irlanda está pior ao confrontar-se com um déficit de 12%, ou seja, quatro vezes mais o permitido pelo pacto de estabilidade e crescimento da União Europeia.
O setor bancário irlandês está à beira do colapso e o governo de Dublin tenta salvá-lo através de um pacote orçado em 54 milhões de euros. O governo quer ainda passar um conjunto de medidas para estimular o investimento.
Mas toda esta turbulência começou na Grécia, que tem uma dívida impressionante de 300 milhões de euros. O país viveu nos últimos meses uma crise sem precedentes, depois da revisão em baixa da notação das principais agências sobre a dívida grega. Como resultado, o governo apresentou um plano de austeridade, fortemente contestado nas ruas.
Se, para estes três países, o problema é a dívida, na Espanha o problema chama-se desemprego. O país é um triste campeão europeu nesta área, com uma taxa de 19%, que segundo os analistas deve em breve chegar aos 20%.
O país sofreu na pele os efeitos da crise, depois de anos a fio de forte crescimento, motivado por um boom imobiliário que entretanto implodiu.
Depois dos 'PIGS', chegam os 'STUPID'
Os especialistas começam agora a usar uma outra expressão para denominar os países que seriam afectados pelo efeito dominó em caso de falência da Grécia: os 'STUPID' (estúpidos) que é a sigla em inglês para Espanha, Turquia, Reino Unido, Portugal, Itália ou Irlanda e Dubai.
Segundo Hugo Dixon, colunista da Reuters, considera que o Reino Unido tem de se distanciar deste grupo e deixa três conselhos para o conseguir. São dicas que podem servir de exemplo para outros países na lista como Portugal.
Em primeiro lugar, os políticos devem evitar qualquer comparação entre o Reino Unido e a Grécia. Mas segundo o mesmo colunista, David Cameron, o líder do partido conservador da Oposição, está a cometer o grave erro de sublinhar as semelhanças entre Reino Unido e o país helénico. Esta postura, escreve Dixon, pode, no limite, ajudá-lo nas eleições, que devem realizar-se em Maio, mas quanto mais a Grécia e o Reino Unido forem associados, pior.
Em segundo lugar, diz, o Governo precisa de produzir um orçamento credível, possivelmente em Março. Num cenário ideal, este orçamento teria de incluir cortes fiscais suficientes para mostrar que o Reino Unido, que está a braços com um défice previsto de 13% do PIB este ano, adopta uma postura responsável.
Por último, o Governo deve identificar todas as possíveis formas da crise se alastar ao Reino Unido e desenhar os necessários planos de contingência.
Escreve o colunista, que se o Reino Unido não se proteger desta forma será verdadeiramente ‘stupid’.
Mário Pina